Hoje, 18 de junho, comemora-se O Dia do Orgulho Autista. Uma data muito propícia para refletirmos sobre as delícias de ser um autista, além das dores de sê-lo.

Delícias de ser autista??
Sim!! Elas existem, e não são poucas!!

Para isso precisamos ir além dos critérios diagnósticos do Transtorno do espectro do autismo e percebermos toda a potencialidade e riqueza de possibilidades que existem por trás dos déficits em comunicação e interação social e a apresentação de comportamentos restritos e repetitivos. O autismo vai muito além disso!!

Em 2012, com a instituição da Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com transtorno do Espectro Autista, o autista começou a ser considerado pessoa com deficiência para todos os efeitos legais. Foi uma grande conquista para salvaguardar essa parcela da população que ficava à deriva das políticas de saúde e educação. Uma vitória de militantes que lutaram tanto por esse direito!

Porém, isso não significa uma limitação da capacidade autista, caracterizando esse transtorno como uma doença, que precisa ser curada, erradicada. Não!! Ela precisa ser aceita, respeitada e valorizada. Por isso, deem aos autistas o direito de serem como são!! Deem a eles o direito de explicitarem suas singularidades!!

Não duvidem da beleza e da inteligência que existem na mente do autista, mesmo que isso não possa ser traduzido em palavras!
Não duvidem da sua capacidade de amar e de se importar com o outro, mesmo que isso não possa ser demonstrado por beijos e abraços!
Não desconfiem da sua intenção comunicativa e da sua vontade de interação com seus pares, se isso não ocorrer simplesmente uma dificuldade própria!

O autista tem dificuldade de interação social. Mas até que ponto? Qual o limite de uma interação normal e anormal? Que tipo de sociedade definiu esses critérios?

O autista tem suas estereotipias. E você também não tem as suas? Talvez você desenhe círculos no papel enquanto fala ao telefone ou balança o pé enquanto está impaciente. Isso não são estereotipias? Ou são estereotipias “socialmente” aceitas?

O autista não entende ironias, palavras de duplo sentido, indiretas. É penalizado por ser muito sincero, podendo ofender as outras pessoas. Verdade, quem é realmente vilão nessa história? Não teríamos um mundo melhor sem tantas mentiras, sem tantos disfarces, numa tentativa desenfreada de passar a melhor imagem, aquela definida por uma sociedade como ideal? Ideal para quem?

Por isso, antes de julgar um autista e de tentar adestra-lo para uma sociedade que tem se mostrado perdida em tantos momentos, aceite-o, valorize-o e respeite-o. Talvez ele não esteja tão errado em sua forma de agir. Talvez a sua limitação, seja a sua maior força!!

Pensem nisso!!

Esse é simplesmente o ponto de vista de uma autista que sente na pele as delícias e dores dessa diferença.

 Por Leíse Fernandes